Cont(atos)

Primeiro Encontro: Imaginários Elétricos



Tecendo contatos - sabemos que nossos corpos-imagens e nossas imagens-corpos estão carregad@s de sentidos. Uma verdadeira floresta-elétrica-semiótica onde as telas se sobrepõe. Quando entramos a primeira vez no espaço-escola* nosso cuidado (quando digo nosso digo educadorxs) mais eminente  consistiu em entende-lo como produtor de sentidos, visibilidades e invisibilidades. Pensar o espaço como tecnologia produtiva que investe e reveste os corpos. Nossos próprios corpos, inclusive. Eramos três pessoas de caminhos diversos no mundo. Bernard, professor de teatro. Mônica,  arteducadora. E eu Carmim, poeta-trans. As 33 pessoas com as quais nos encontramos para (co)criar um acontecimento ético-estético estudavam no E. E. E. F M Prof. Poranga Juca em Icoraci. Cada um deles e delas com sua singularidade. Sua historicidade. Sua presença de sentido. Um encontro é sempre um encontro de interpretações e interpelações de mundos. Por isso acredito importante nos aproximarmos desta reflexão. Da tecelagem do fazer contato. Visual? Auditivo? A primeira vista me parece um acontecimento doutras re-vistas. Do já visto em algum lugar. Do estranhamento. Do aprendizado caudaloso das escutas e sons. Sons e não somente falas porque batuques falam. Cores falam. Fardas falam. O visível está carregado de dizibilidades. Nosso primeiro encontro com xs estudantes se deu ao meio desta densa teia. Educadrxs incapazes de se educarem no fazer escutamento dessas realidades perdem o contato e isso não queríamos deixar escapar.

No primeiro contato que fizemos as questões que nos atravessavam e queríamos trazer para
os estudantes como educadorxs eram: Como fazer a escuta dos imaginários
contemporâneos através dos dispositivos tecnológicos que nos cercam e compõe
nossas atualidades? Como narrá-los? Como lê-los?

Desde estas questões houve a mobilização dum movimento tecno-cênico:

Bernard sugeriu aos estudantes que trouxessem de suas casas velhos aparelhos obsoletos - tecnologias descartadas, sucata de ficção cientifica e apetrechos elétricos quebrados.

A ideia compartilhada na sala de aula com o espaço organizado em círculo (circuito) - desmontar a montagem quaternária-binária das cadeiras e mesa do professor era uma maneira ativa de entender a escola e a sala como espaço produtor (hardware-software) - visava a partir de encenações feitas pelxs estudantes com esses objetos-dispositivos escutar as narrativas possíveis dos imaginários . Como ficção, que está cheia (no duplo sentido de plena e exausta) da realidade.

Os vídeos que seguem trazem momentos da interação criativa deste movimento:










Os desdobramos de cada cena-acontecimento e a (re)conversão dos objetos em outros sentidos atuantes - desdobrados na e com a atuação no teatro como ter_ato - trouxeram as estampas das subjetividades que enredam e produzem imaginários sobre: masculinidade, raça, território, gênero, classe, violência, etc etc etc. Nos contextos de vida-morte-vida cotidiana dxs estudantes.

Assistir aos vídeos exige um assistir poroso e crítico. Sem banalização. Para que possamos fazer juntxs a montagem de discursos e caminhos. Abrimos uma roda para este pensar-falar-calar sobre o que estávamos percebendo das imagens das cenas-contecimentos e como percebiamos os mundos que apareciam desapareciam nestes momentos.

No próximo post escreverei sobre o momento da roda e da reflexão partilhada.
















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