Bê, rê, a - Bra Zê, i, lê - zil Fê, u - fu Zê, i, lê - zil Cê, a - ca Nê, agá, a, o, til - ão




Pintura de Luzes, 
Percepção Mônica Gouveia


 Inventamos de fazer um experimento cênico com lâmpadas, ficamos 
entusiasmados pela possibilidade criativa, principalmente por sair da sala de 
aula/jaula espaço convencional/ obrigatório/formal. Já na sala experimental 
para “exibição vídeos” que é escura, iniciamos uma troca de idéia sobre o que 
queríamos propor e compor, então todox juntxs reunimos os objetos luminosos 
e começamos a experimentar, montar as lâmpadas de led e os piscas, fomos 
descobrindo maneiras de como por no corpo as luzes, possibilidades diversas 
de “performar” foram surgindo. 
 Um corpo composto por uma rede de fios transmissora de luzes, onde o 
menino se disse ser um ciborgue, imitando um andar robotizado, tomando 
choques elétricos que atravessam o corpo, provocando impulsos e 
gestualidade que gira e dança. Um corpo fardado, mas que não fica ereto, 
contido, obediente a norma, corpo expansivo com sede de movimento, movido 
a eletricidade. Para mantê-lo vivo qual combustível? De onde vem a energia 
que gera a energia desse corpo? Corpo humano jovem? Que águas? Que 
corpo? 

 Pensando que estamos na Amazônia, esse corpo- campo elétrico-
magnético cibernético me faz pensar a reflexão de um aluno, não “iluminado”, 
corpo sem presença, apenas comandado por algo mais “avançado” que exige 
energia. Um corpo periférico e um tanto “rebelde”. Um corpo não branco, 
amazônida que passa sede na escola que estuda. 
 Algo curioso a se pensar tendo em vista tantos anseios e indignação de 
viver numa localidade do planeta tão especulada internacionalmente pelo 
capital dos poderosos, cercados de água e ao mesmo tempo vivendo a 
escassez dela. 

Um homem britânico chamado Neil Harbissonque que se diz 
artista, é considerado o primeiro ser humano conhecido como ciborgue e 
defensor das “transpécies” acha que a Tecnologia serve para sentir e 
proteger a natureza. 
Segundo ele, a integração à tecnologia se mostra como uma forma de militar pela proteção 
ambiental.

 "O própósito é explorar a natureza, redescobrir a realidade a partir da implantação 
de sentidos que não temos. É uma prática artística. E quando nos redesenhamos, menos 
precisamos intervir no mundo. Se tivéssemos uma visão noturna apurada, não seria preciso luz 
artificial, não ia gastar tanta energia, nem afetar outras espécies, e o planeta sofreria menos" 

Outro texto que vale refletir cito a baixo: 
“De um lado, a mecanização e a eletrificação do humano; do outro, a humanização e a 
subjetificação da máquina. É da combinação desses processos que nasce essa criatura pós-humana. 
a que chamamos “ ciborgue”. Implantes, transplantes, enxertos, próteses. Seres 
portadores de órgãos artificiais, seres geneticamente modificados. Anabolizantes, vacinas, 
psicofarmacos. Estados “artificialmente” induzidos. Sentidos farmacologicamente 
intensificados: a percepção, a imaginação, a tesão.” Pag 12 Pag 14 Antropologia do ciborgue-
As vertigens do pós humano. 
“Integre- se pois a corrente. Plugue- se. A uma tomada. Ou a uma máquina.ou a outro humano. 
Ou a um ciborgue. Eletrifique- se. O humano se dissolve como unidade. É só eletricidade. Tá 
ligado?” Pag 14 Antropologia do ciborgue- As vertigens do pós humano. 

 Plugue- se a que? Plugue- se e se auto destrua, morra de sede, ou 
beba água envenenada, Amazônia urbana Belém- Icoaraci cheia de lixos, rios 
mortos chamados de canais, canos quebrados, desperdício de água. Corpo 
impactado pela temperatura elevada, estudar em uma escola pública em 
condições precárias, sem água, sem ventilador, sem capacidade de promover 
o mínimo de respeito para que estudantes tenham prazer em assistir a aula. 
Lamentável realidade, ir a escola é obrigatório, em meio a todo o caos 
desestimulador alguns estudantes dizem que a única matéria que eles 
“gostam” é arte, porque ela provoca algo, seja alivio, auto- estima elevada, 
consciência e pelos momentos de descontração sem pressão. Segundo eles 
falam ao se expressarem através da escrita num texto proposto sobre a 
experiência da troca que tivemos. 

Somos povos vivendo em uma região extremamente explorada em 
nossos recursos naturais, floresta sendo destruída, povos dizimados, 
passamos fome e sede, não conhecemos nossa verdadeira história, na escola 
é imposto o “ pensamento europeu”. Por novas possibilidades de “educar”, 
introduzindo a escola mestres e mestras de notórios saberes que são fonte 
riquíssima de fortalecimento e tecnologia ancestral, que precisa ser cultivada, 
conhecida e reconhecida. 



Fotos: 






















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