Olhares
Pensar com Pensar sobre
As cenas-acontecimentos nos convocaram pra abertura duma roda, duma gira de vistas e pontos sobre o que acabávamos de criar juntxs. Sentíamos a necessidade de colocar sobre perspectiva. Sob vozes. Em suma, de fazer o escutamento das presenças atuadas. Falar delas e com elas num modo espelho. Reflexivo.
São momentos entretecidos para acolher e estar com os problemas e situações. Olhá-los, armados e desarmados.
As violências com armas de fogo encenadas em contextos diferentes surgiram ao menos em três dos cinco grupos organizados - a coerção dos corpos e a destituição de mobilidade e autonomia ao mesmo tempo em que símbolo de força - de fato, o formato bicudo do secador de cabelos engatilhou esta associação. Associação essa que encontrou ressonância nas impressões e realidades dos atuantes: quase todxs pretos e moradores da periferia em Icoraci. Perceber as contextualidades de cada momento cênico é fundamental quando o objeto atuado como objeto de poder - secador/arma de fogo - transita das mãos d@ assaltante/sequestrador, para a guerrilha de facções e para a polícia militar em ação ostensiva no território. Um objeto signo que diz respeito as políticas do fazer viver fazer morrer que pautam diretamente os corpos dos estudantes.
Na cena-acontecimento em que as meninas atuam o sequestro com o secador/arma de fogo e o desespero da mãe da sequestrada. Os objetos de desejo mobilizam as ações: como a arma, o celular e o dinheiro. O peso e o contrapeso do vivo num mundo marcado pelo mercado. Quanto vale o vivo no mundo mercadoria? O resgate é negociado pelo Zapp, e pago. Final feliz ou expõe fraturas sociais mais complexas que precisamos abordar - como o extermínio da juventude preta e a precarização dos modos de existência? Como dialogar com e sobre um imaginário em que a eminência do extermínio é um termo total?
Na cena-acontecimento onde jovens armados se encontram em campo de guerrilha (free-fire) as mesas e cadeiras viram obstáculos emulando becos e quebradas - a alegria festiva e empolgada do combate - diferente da tensão e densidade do sequestro. Os objetos cadernos são reconvertidos e atuados como fuzis e bombas como num game-realidade. O desfecho é a morte de todos em absoluto. Corpos no chão. Imóveis. Ali onde o extermínio dos mesmos pelos mesmos-outros-pelos-outros-mesmos se dá. O assassino e o assassinado. Pobres, pretos da periferia. Genocídio completo.
Na cena-acontecimento quando os artistas do Pixo redesenham o urbano nos muros-telas afrontando uma lógica de cidade higienista. O agente do Estado, armado com o secador/arma de fogo, polícia-milícia, manda todxs escostarem na parede e baculeja geral. Baculejar é o uso irrestrito que o Estado Policial faz do corpo do outro sob ameaça de extermínio. Mãos na cabeça. Cabeça na parede. Pernas abertas. As mãos da polícia invadem a intimidade dos corpos. Abusam. O Estado destitui a pessoa de possuir um corpo.
Esses três exemplos expõem esboços de realidades rasuradas pela violência que remontam do período colonial. Período teimosamente reatualizado. O desafio foi seguir os filamentos que entretecem as narrativas atuadas e abrir as giras de vistas e pontos em diálogos.
No vídeo um momento desta Gira de Vistas e Pontos.
As cenas-acontecimentos nos convocaram pra abertura duma roda, duma gira de vistas e pontos sobre o que acabávamos de criar juntxs. Sentíamos a necessidade de colocar sobre perspectiva. Sob vozes. Em suma, de fazer o escutamento das presenças atuadas. Falar delas e com elas num modo espelho. Reflexivo.
São momentos entretecidos para acolher e estar com os problemas e situações. Olhá-los, armados e desarmados.
As violências com armas de fogo encenadas em contextos diferentes surgiram ao menos em três dos cinco grupos organizados - a coerção dos corpos e a destituição de mobilidade e autonomia ao mesmo tempo em que símbolo de força - de fato, o formato bicudo do secador de cabelos engatilhou esta associação. Associação essa que encontrou ressonância nas impressões e realidades dos atuantes: quase todxs pretos e moradores da periferia em Icoraci. Perceber as contextualidades de cada momento cênico é fundamental quando o objeto atuado como objeto de poder - secador/arma de fogo - transita das mãos d@ assaltante/sequestrador, para a guerrilha de facções e para a polícia militar em ação ostensiva no território. Um objeto signo que diz respeito as políticas do fazer viver fazer morrer que pautam diretamente os corpos dos estudantes.
Na cena-acontecimento em que as meninas atuam o sequestro com o secador/arma de fogo e o desespero da mãe da sequestrada. Os objetos de desejo mobilizam as ações: como a arma, o celular e o dinheiro. O peso e o contrapeso do vivo num mundo marcado pelo mercado. Quanto vale o vivo no mundo mercadoria? O resgate é negociado pelo Zapp, e pago. Final feliz ou expõe fraturas sociais mais complexas que precisamos abordar - como o extermínio da juventude preta e a precarização dos modos de existência? Como dialogar com e sobre um imaginário em que a eminência do extermínio é um termo total?
Na cena-acontecimento onde jovens armados se encontram em campo de guerrilha (free-fire) as mesas e cadeiras viram obstáculos emulando becos e quebradas - a alegria festiva e empolgada do combate - diferente da tensão e densidade do sequestro. Os objetos cadernos são reconvertidos e atuados como fuzis e bombas como num game-realidade. O desfecho é a morte de todos em absoluto. Corpos no chão. Imóveis. Ali onde o extermínio dos mesmos pelos mesmos-outros-pelos-outros-mesmos se dá. O assassino e o assassinado. Pobres, pretos da periferia. Genocídio completo.
Na cena-acontecimento quando os artistas do Pixo redesenham o urbano nos muros-telas afrontando uma lógica de cidade higienista. O agente do Estado, armado com o secador/arma de fogo, polícia-milícia, manda todxs escostarem na parede e baculeja geral. Baculejar é o uso irrestrito que o Estado Policial faz do corpo do outro sob ameaça de extermínio. Mãos na cabeça. Cabeça na parede. Pernas abertas. As mãos da polícia invadem a intimidade dos corpos. Abusam. O Estado destitui a pessoa de possuir um corpo.
Esses três exemplos expõem esboços de realidades rasuradas pela violência que remontam do período colonial. Período teimosamente reatualizado. O desafio foi seguir os filamentos que entretecem as narrativas atuadas e abrir as giras de vistas e pontos em diálogos.
No vídeo um momento desta Gira de Vistas e Pontos.
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